Basílio

24 de setembro de 2016

Análise do texto 4: Ó tu do meu amor fiel traslado (Gregório de Matos)

Soneto:

"Ó tu do meu amor fiel traslado 

Mariposa entre as chamas consumida, 

Pois se à força do ardor perdes a vida, 

A violência do fogo me há prostrado. 



Tu de amante o teu fim hás encontrado, 
Essa flama girando apetecida; 
Eu girando uma penha endurecida, 
No fogo que exalou, morro abrasado. 

Ambos de firmes anelando chamas, 
Tu a vida deixas, eu a morte imploro 
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas. 

Mas ai! que a diferença entre nós choro, 
Pois acabando tu ao fogo, que amas, 
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro."

Gregório de Matos

Sítio consultado: https://pensador.uol.com.br/poesias_de_gregorio_do_matos/   - Acessado em: 24/09/2016

Análise: 

  O poeta faz comparações entre o amor da mulher com ele e outras pessoas. A moça é quente com outros homens e se esfria quando chega perto dele, o que leva-o a desejar um pouco da morte.  Ela seria fogo ardente e, nesse mesmo fogo, a mesma se acabava. Enquanto ele, ficava na brasa que restava, queimando-se; eram completamente contrários.
  O eu lírico deseja imensamente a luz, mas esta é inalcançável, pelo menos enquanto as diferenças entre ele e a amada o fizerem chorar. Mesmo, em alguns momentos em que queimam juntos, não são completamente iguais...um grande fardo, mas não para ambos, apenas para o que possui o amor fiel.

Imagem de: culturafm.cmais.com.br
Análise feita por: Lara Machado- B

8 comentários:

  1. Amei sua interpretação <3. No meu ponto de vista, o poeta tinha um sentimento muito profundo pela 'tal moça' que é retratada no poema, a ponto de desejar sua morte , pois eram cobertos por diferenças e ele era cercado por rejeições. Uma das partes que me chamou bastante atenção em sua análise foi "Um grande fardo, mas não para ambos, apenas para o que possui o amor fiel". Essa pequena parte mostra que apesar do sofrimento, o amor fiel é aquele que mesmo com diferenças e rejeições, mostrou ser verdadeiro até o último minuto, a ponto de carregar um enorme fardo pesado.

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  2. Ótima interpretação. Gostei. Minha interpretação, de forma resumida, foi que, o eu-lírico não é correspondido nesse amor ardente que ele possui em sua cabeça, e, por isso, acaba desejando a morte e não consegue chegar á luz. Também adorei sua última frase, muito bem pensada. Parabéns.

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  3. Adorei sua interpretação. Concordo com tudo o que disse, e acaba que isso que acontece com o eu lírico, às vezes nos acontece também.É o que achei mais interessante no texto. No fundo sempre temos aquele amor não correspondido.

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  4. Interessantes sua análise Lara. Conforme dito por Ithalo, o amor abordado no texto é aquele não correspondido com o poeta e sim com os outros Homens, se tornando um amor ardente, podendo levar até a morte, como já citado. Pelo fato de seu sofrimento passado e suas magoas guardadas no peito.

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  5. Confesso que achei o poema muito difícil de entender e sua análise me auxiliou bastante no entendimento. O eu lírico sente o que qualquer pessoa apaixonada poderia sentir, a rejeição, pois a amada não sente o mesmo "amor fiel" que ele sente por ela e, como citado, isso pode acabar levando à morte.

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  6. Pessoal, e o que conversamos em sala? Sobre as características barrocas do texto. As interpretações estão boas, mas não bastam. Vamos melhorar isso?

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  7. Desculpa, mas não!

    O soneto nem menciona uma mulher, menciona um animal chamado mariposa porque quer dizer que assim como a mariposa gira em torno do fogo sentindo atração por ele a ponto de, inclusive morrer ao cair no fogo, o eu lírico também sente atração por outra flama: o amor de uma mulher.

    Mas ele circula uma "penha endurecida" e não consegue ser correspondido por isto implora "a morte" que não significa morte em si, mas o objetivo final da mariposa que foi cair nas chamas, ele deseja o amor de uma mulher.

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