Basílio

31 de outubro de 2016

Análise 8 - Soneto I (Cláudio Manuel da Costa)





Soneto I - Cláudio Manuel da Costa


''Para cantar de amor tenros cuidados, 
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento; 
Ouvi pois o meu fúnebre lamento; 
Se é, que de compaixão sois animados: 

Já vós vistes, que aos ecos magoados 
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento; 
Da lira de Anfião ao doce acento 
Se viram os rochedos abalados. 

Bem sei, que de outros gênios o Destino, 
Para cingir de Apolo a verde rama, 
Lhes influiu na lira estro divino: 

O canto, pois, que a minha voz derrama, 
Porque ao menos o entoa um peregrino, 
Se faz digno entre vós também de fama''



  Na primeira estrofe, o eu-lírico clama por atenção, pede para que escutem o seu lamento.   Na segunda, temos a citação de Orfeu, que seria um ser da mitologia Grega. Diz o mito, que Orfeu, desceu até o Hades para buscar a esposa Eurídice. Conta-se que ao chegar no Hades, Orfeu com sua canção conseguiu a permissão das criaturas do local para trazer a amada para o mundo dos vivos. Porém, ele não poderia olhar para trás antes de sair do Hades. Orfeu não obedece, então não consegue trazer a sua esposa de volta. No poema, o eu-lírico o cita também Anfião com sua lira. Anfião era um filho de Zeus, que recebeu uma lira de Apolo e segundo o mito, fundou a cidade de Tebas através dela. Por isso fala: "Da lira de Anfião ao doce acento se viram os rochedos abalados."  
  Na terceira, temos outra citação de um ser da mitologia grega, Apolo. Se fala da lira novamente, pois foi justamente Apolo quem deu a lira para Anfião.
  É uma característica do arcadismo ter essa presença de seres mitológicos em suas poesias. Também outra característica presente no texto é o ambiente em que se passa. Um lugar tranquilo, na natureza.


  

                             Resultado de imagem para Lira de Anfião
http://brevehistoriadamusica.blogspot.com.br/2014/01/musica-na-grecia-antiga.html

Referências:
http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/

Pâmella B.

30 de outubro de 2016

Análise 7 - Soneto: XIV (Cláudio Manoel da Costa)

SONETO: XIV
 CLÁUDIO MANOEL DA COSTA (1729-1789) 

Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado. 

Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado! 

Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade. 

Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! 

In Obras Poéticas (Tomo I), 1903 
SONETOS


Análise:
O tema do soneto é a contradição entre tranquilidade do campo e corrupção da vida urbana. Nos primeiros versos, há uma metáfora 'Rosto da violência'(1 estrofe, 3 verso) que mostra o quão ruim é para o eu-lírico afastar-se do campo. 
 Alguns outros versos, retratam a calmaria trazida pela simplicidade da área afastada da cidade. Percebemos, aqui, dois dos traços do Arcadismo: a valorização da natureza, partindo para o desejo bucólico e o pastoralismo, referente a exaltação da vida no campo.


















Créditos ao site(imagem): http://pt.slideshare.net/fernandomoreira5076798/claudio-manuel-da-costa
Referências: http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-arcadismo/


Postado por: Millena Blanc 

28 de outubro de 2016

Questões sobre o Barroco (atualizado)

No último post realizado pelo blog “Entre Aspas”, houve algumas questões sem o nome da instituição em que foram feitas ou algumas com alternativas erradas. Portanto, refiz o mesmo post, com algumas mudanças, retirando as questões que não possuíam o nome da instituição e refiz o gabarito de algumas, além de mais uma revisão que eu mesmo fiz sobre o assunto “Barroco”. Então, gostaria de pedir desculpas pelos equívocos feitos em meu post, que, agora, já estão todos corrigidos e revisados.
Ithalo Vitipó
Questões sobre o Barroco
(atualizado)

Questão 1
(VUNESP) 
      Ardor em firme coração nascido;
      pranto por belos olhos derramado;
      incêndio em mares de água disfarçado;
      rio de neve em fogo convertido:
      tu, que em um peito abrasas escondido;
      tu, que em um rosto corres desatado;
      quando fogo, em cristais aprisionado;
      quando crista, em chamas derretido.
      Se és fogo, como passas brandamente,
      se és fogo, como queimas com porfia?
      Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
      Pois para temperar a tirania,
      como quis que aqui fosse a neve ardente,
      permitiu parecesse a chama fria. 

O texto pertencente a Gregório de Matos apresenta todas as seguintes características:
a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.
b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.
c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.
d) Técnica naturalista, assimetria total de construção, ordem direta inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das antíteses, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.

Questão 2
(Faculdade Objetivo – SP) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco, assinale a única alternativa incorreta:
a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.
b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível localizar no mesmo autor e no mesmo texto os dois elementos.
c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos, etc.
d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a ideia.
e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.


Questão 3
 (UNICAMP) A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais.
(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.)
Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como:
a) Renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.
b) Barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais.
c) Escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.
d) Popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.
 Questão 4
(ENEM)

(BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.)

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) Liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) Credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) Simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) Personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) Singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
Questão 5
(FEI)
“Em tristes sombras morre a formosura,
 em contínuas tristezas a alegria”

Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é:
a)Metáfora
b)Aliteração
c)Eufemismo
d)Antítese
e)Sinédoque


Gabarito das questões

1 – Alternativa “C”. A partir da análise “Lágrimas de amor: fogo e neve” podemos perceber o dualismo barroco presente no texto através da mistura de religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, com ideias por meio de metáforas e uso de paradoxos.

 2 – Alternativa “D”. Padre Antônio era um escritor conceptista, que dispunha de jogos de ideias, conceitos que seguia um raciocínio lógico e nacionalista, e não cultista, como é dito na alternativa.

3 – Alternativa “B”. As artes barrocas no Brasil só se desenvolveram a partir do século XVIII. Durante esse período, as igrejas seguiam o estilo barroco em sua construção, junto à ideologia da Contrarreforma, reforçando a alternativa B.

4 – Alternativa “D”. O barroco é um estilo artístico muito forte e presente em nosso país nos dias atuais. Tal arte, expressa muita personalidade e singularidade, tanto do artista que a fez, quanto da própria arte em si. Outra característica muito marcante do Barroco é a adoração ao divino. Por isso, as imagens sacramentais eram muito representadas nesse estilo artístico tão forte que é o Barroco. Além disso, o uso de feições populares também era muito recorrente na época que tais esculturas foram feitas.

5 – Alternativa “D”. A figura de linguagem que expressa sentidos opostos de uma forma próxima, é a antítese. 

Sites acessados em 23/10/2016:
http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-barroco-no-brasil.htm

https://descomplica.com.br/blog/literatura/questoes-comentadas-barroco/

Ithalo Vitipó

23 de outubro de 2016

Questões sobre o Barroco


Questão 1
(VUNESP) 
      Ardor em firme coração nascido;
      pranto por belos olhos derramado;
      incêndio em mares de água disfarçado;
      rio de neve em fogo convertido:
      tu, que em um peito abrasas escondido;
      tu, que em um rosto corres desatado;
      quando fogo, em cristais aprisionado;
      quando crista, em chamas derretido.
      Se és fogo, como passas brandamente,
      se és fogo, como queimas com porfia?
      Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
      Pois para temperar a tirania,
      como quis que aqui fosse a neve ardente,
      permitiu parecesse a chama fria. 
O texto pertencente a Gregório de Matos apresenta todas as seguintes características:
a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.
b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.
c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.
d) Técnica naturalista, assimetria total de construção, ordem direta inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das antíteses, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.

Questão 2
(Faculdade Objetivo – SP) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco, assinale a única alternativa incorreta:
a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.
b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível localizar no mesmo autor e no mesmo texto os dois elementos.
c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos, etc.
d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a ideia.
e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.

Questão 3
A alternativa que apresenta as principais características do Barroco é:
a) Racionalismo, Universalismo, perfeição formal, presença de elementos da mitologia greco-latina e humanismo.
b) Pastoralismo, bucolismo, nativismo, tom confessional, espontaneidade dos sentimentos e exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.
c) Preocupação formal, preferência por temas descritivos, objetivismo, apego à tradição clássica e vocabulário culto.
d) Subjetivismo e individualismo, eurocentrismo, patriarcalismo e nacionalismo exacerbado.
e) Apelo religioso, misticismo, erotismo, castigo como decorrência do pecado, fugacidade da vida e instabilidade das coisas.

Questão 4
A exaltação da forma, o culto à linguagem permeada por metáforas, conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval são características do
a) Classicismo.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Barroco.
e) Condoreirismo.

Questão 5
Assinale a questão cujo trecho apresenta características próprias do Barroco no Brasil:
a) “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.”
b) “Alma minha gentil, que te partiste/Tão cedo desta vida, descontente,/Repousa lá no Céu eternamente,/E viva eu cá na terra sempre triste./Se lá no assento etéreo, onde subiste,/Memória desta sida se consente,/Não te esqueças daquele amor ardente/Que já nos ollhos meus tão puro viste.”
c) “Última flor do Lácio, inculta e bela,/És, a um tempo, esplendor e sepultura;/Ouro nativo, que, na ganga impura,/A bruta mina entre cascalhos vela.”
d) “Parece até que sobre a fronte angélica/Um anjo lhe depôs coroa e nimbo.../Formosa a vejo assim entre meus sonhos/Mais bela no vapor do meu cachimbo.”
e) “Lá na úmida senzala,/Sentado na estreita sala,/Junto ao braseiro, no chão,/Entoa o escravo o seu canto,/E ao cantar correm-lhe em pranto/Saudades do seu torrão.”


Questão 6

 (UNICAMP)A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais.
(Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, Américas e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.)
Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como:
a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento.
b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais.
c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias.
d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias.
 Questão 7

(ENEM)
3
(BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.)
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
Questão 8

 Leia com atenção o poema a seguir e marque a opção correta.
À INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos Guerra)

Sobre o tema central do soneto acima é correto dizer:
a) o eu-lírico aborda a superficialidade sobre as aparências.
b) há uma visão dicotômica entre a grandeza divina e a pequenez do homem.
c) há a preocupação com a efemeridade da vida.
d) o eu-lírico expõe sobre o sofrimento amoroso em função do sentimento de culpa.
e) o eu lírico expõe a dualidade dos sentimentos do homem barroco.
Questão 9

(FEI)
“Em tristes sombras morre a formosura,
 em contínuas tristezas a alegria”
Nos versos citados acima, Gregório de Matos empregou uma figura de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos, como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é:
a) metáfora
b) aliteração
c) eufemismo
d) antítese
e) sinédoque


Gabarito das questões

1 – Alternativa “C”. A partir da análise “Lágrimas de amor: fogo e neve” podemos perceber o dualismo barroco presente no texto através da mistura de religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, com ideias por meio de metáforas e uso de paradoxos.
 2 – Alternativa “D”. Padre Antônio era um escritor conceptista, que dispunha de jogos de ideias, conceitos que seguia um raciocínio lógico e nacionalista, e não cultista, como é dito na alternativa.
 3 – Alternativa “E”. Um dos principais autores do barroco brasileiro, Gregório de Matos, utilizava muito desse jogos de ideias que envolvia religiosidade e erotismo.

4 – Alternativa “D”. O barroco caracteriza-se principalmente pelo conflito entre o humanismo renascentista e a tentativa de restauração de uma religiosidade medieval, estabelecendo assim um paradoxo entre a fé, o espiritual e o material.

5 – Alternativa “A”. No trecho, há uma das principais características do barroco: a alusão entre o amor de Deus, a culpa e o arrependimento.

6 – Alternativa “B”. As artes barrocas no Brasil só se desenvolveram a partir do século XVIII. Durante esse período, as igrejas seguiam o estilo barroco em sua construção, junto à ideologia da Contrarreforma, reforçando a alternativa B.

7 – Alternativa “C”. O barroco é muito caracterizado pela sua adoração ao divino, causando um distanciamento da resposta em relação as outras alternativas.

8 – Alternativa “D”. O eu-lírico, no poema, retrata seus sentimentos de amor e culpa através da antítese, ou seja, a oposição de ideias, característica do barroco. Dessa forma, a única alternativa correta é a D, pois as outras se distanciam muito desse sentimentalismo que o poema apresenta.
9 – Alternativa “D”. Como já foi dito acima, a figura de linguagem que expressa sentidos opostos de uma forma próxima, é a antítese. 

Sites acessados em 23/10/2016: http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-barroco-no-brasil.htm

https://descomplica.com.br/blog/literatura/questoes-comentadas-barroco/

Publicado e gabaritos feitos por: Ithalo Vitipó