Basílio

20 de novembro de 2016

Arcadismo - Contexto histórico



Para o melhor entendimento sobre o contexto histórico do Arcadismo.

Postado por: Millena Blanc

  

Questões de vestibular II: Arcadismo

Foi reunido nessa postagem questões tiradas do Enem 2016,2015 e outros vestibulares.
Para ver mais questões sobre Arcadismo clique aqui.

QUESTÕES

1- (ENEM 2016 - Caderno Cinza) 

Soneto  VII

Onde estou? Este sítio desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.

Uma fonte aqui  houve; eu  não  me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quando pode dos anos o progresso!

Árvores  aqui vi  tão  florescentes
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me  engano: a região esta  não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera.

(COSTA, C.M. Poemas. Disponível em  www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 jul  2012)

No soneto de  Claudio Manuel da Costa, a contemplação da  paisagem permite  ao  eu  lírico uma reflexão em que transparece uma

(A) angústia provocada pela sensação de solidão.

(B) resignação diante das  mudanças do  meio ambiente.

(C) dúvida existencial em  face do espaço desconhecido.

(D) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.

(E) empatia entre os sofrimentos do eu e  a agonia da terra.

2- (ENEM 2015 - Caderno Amarelo)

Casa dos Contos
& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

(ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.)

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que

(A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.

(B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.

(C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.

(D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.

(E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

3- (UEL)

Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas do trecho apresentado.

Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Costa, mas evitando igualmente a diluição dos valores poéticos no sentimentalismo, as __________ mais densas, dedicadas a __________, fizeram de __________ uma figura central do nosso Arcadismo.

a) crônicas – Marília – Dirceu.

b) crônicas – Gonzaga – Dirceu.

c) sátiras – Dirceu – Gonzaga.

d) liras – Gonzaga – Dirceu.

e) liras – Marília – Gonzaga.

4- (Enem 2008)

Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1)
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, 
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros 
Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4)

Aqui estou entre Almendro, entre Corino, 
Os meus fiéis, meus doces companheiros, 
Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7)
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto, 
Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10)
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

Aqui descanse a louca fantasia, 
E o que até agora se tornava em pranto (verso 13)
Se converta em afetos de alegria.

(Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.)

Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o
momento histórico de sua produção.

a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.

b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.

c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.

d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

5- (Mackenzie)

Apontar a alternativa correta: 

a) Tomás Antônio Gonzaga cultivou a poesia satírica em O Desertor. 
b) Na obra Cartas Chilenas, temos uma sátira contra a administração de Luís da Cunha Menezes. 
c) Nessa obra o autor se disfarça sob o nome de “Doroteu” 
d) Para maior disfarce, o autor de Cartas Chilenas faz passar a ação na cidade do Rio de Janeiro. 
e) Tomás Antônio Gonzaga tinha o pseudônimo de “Doroteu”.

6- (PUC)

Relacione as colunas:

1. Glauceste Satúrnio 
2. Alcindo Palmirendo 
3. Dirceu 
4. Termindo Sipílio 
5. Lereno

( ) Tomás Antônio Gonzaga 
( ) Cláudio Manuel da Costa 
( ) Basílio da Gama 
( ) Caldas Barbosa 
( ) Silva Alvarenga 

a) 3, 1, 5, 2, 4 
b) 3, 1, 4, 5, 2 
c) 1, 2, 3, 4, 5 
d) 3, 2, 4, 1, 5 
e) 3, 1, 4, 2, 5

7- (UFV)

Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

Ornemos nossas testas com as flores
E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre,
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
(TAG, MD, Lira XIV)

Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo, presentes na estrofe anterior, EXCETO:

a) Ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe média.
b) Tema do CARPE DIEM - uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade.
c) Ideal de uma existência tranqüila, sem extremos, espelhada na pureza e amenidade da natureza.
d) Fugacidade do tempo, fatalidade do destino, necessidade de envelhecer com sabedoria.
e) Concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e paixões do "eu" lírico.

GABARITO

1- RESPOSTA CORRETA: E
    COMENTÁRIO: Esse texto de Cláudio Manuel da Costa representa algumas características do Arcadismo, são elas: fugere  urbem, bucolismo e locus amoenus, que estão presentes no retorno ao  campo  e  no desejo explícito de  vida tranquila. Esse desejo de tranquilidade não corresponde à realidade, já que o eu lirico encontra um lugar diferente do qual ele lembrava.

2- RESPOSTA CORRETA: E
    COMENTÁRIO: "Esta  é uma questão de nível difícil,  pois – em   uma  leitura desatenta –  o  estudante pode  não perceber  a  relação entre o texto de  1975 e a produção  literária do século   XVIII.  O  aluno deve  observar que  o poema usado no  Exame tem   características estéticas do  Concretismo, mas  sua  referência  são  os poetas árcades, envolvidos com a Inconfidência  Mineira.
A  primeira  referência  ao movimento  literário do   século XVIII é  o   título:  “Casa dos  Contos” é um dos  prédios  do  sistema de  museus de  Ouro Preto  (antiga  Vila  Rica). A  construção  foi, originalmente, a  “Casa de  Contratos”, destinada ao  recolhimento de  impostos;  no  entanto,  em  1789, passou a ser a Sede da Administração e Contabilidade Pública da Capitania de Minas Gerais (daí ser  chamada Casa dos Contos) e serviu de prisão aos  Inconfidentes (entre eles, os Tomás Antônio Gonzaga e  Claudio Manoel da  Costa).
O estudante deve   perceber  que  o   poema  é  uma descrição do prédio  onde  os  inconfidentes foram  presos: “… em cada  porta…”, “… em  cada arco…”, “… em cada  porta”…, “… em cada fosso…”, “… em cada Claudio…”." 

3- RESPOSTA CORRETA: A

4- RESPOSTA CORRETA: A

5- RESPOSTA CORRETA: B

6- RESPOSTA CORRETA: D

7- RESPOSTA CORRETA: A

REFERÊNCIAS


POSTADO POR: Isabelle Soares

Questões de vestibular: Arcadismo

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelo e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha estrela!

(fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm, adaptado)


1. (G1 - ifsp 2012)  Pode-se afirmar que se destaca no poema
a) o racionalismo, característica do Barroco.
b) o conceptismo, característica do Arcadismo.
c) o cultismo, característica do Barroco.
d) o teocentrismo, característica do Barroco.
e) o pastoralismo, característica do Arcadismo.

2. (G1 - ifsp 2012)  A análise do trecho permite afirmar que o eu lírico
a) valoriza os trajes ricos da cidade.
b) despreza a vida humilde.
c) manifesta preocupação religiosa.
d) valoriza os benefícios de sua vida no campo.
e) apresenta a vida na cidade como mais desejável do que a vida no campo.

3. (Ufsm 2012)  Relacione as colunas e, na sequência, assinale a alternativa correspondente.

1. Estética barroca
2. Estética árcade

(     ) Apresenta texto poético claro, conciso, objetivo, com estrutura frasal geralmente em ordem direta.
(     ) Caracteriza-se por figuras de linguagem, tais como: metáfora, antítese, hipérbole, alegoria.
(     ) Registra a ambiguidade, valorizando os detalhes, os jogos de palavras, a tensão entre os opostos e o conflito exposto pelos contrastes.
(     ) Retoma o ideal de simplicidade, herdado do modelo clássico greco-romano, correspondente à tradição do equilíbrio e da racionalidade: a justa medida.

A sequência correta é
a) 1 – 1 – 2 – 2.
b) 2 – 1 – 1 – 2.
c) 1 – 2 – 2 – 1.
d) 2 – 1 – 2 – 2.
e) 1 – 2 – 1 – 2.

4. (Uepa 2012)  LXII

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que 'té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

O campo como locus amoenus, livre de mazelas sociais e morais, foi o grande tema literário à época neoclássica, quando a literatura também expressou uma resistência à Cidade, considerada então violento símbolo do poder monárquico e da corrupção moral. Interprete as opções abaixo e assinale aquela em que se sintetiza o modo de resistência expresso nos versos de Cláudio Manuel da Costa acima transcritos.
a) apego à metrificação tradicional
b) bucolismo e paralelismo
c) aurea mediocritas
d) inutilia truncat
e) fugere urbem


5. (Espcex (Aman) 2014)  Leia os versos abaixo:

“Se não tivermos lãs e peles finas,
podem mui bem cobrir as carnes nossas
as peles dos cordeiros mal curtidas,
e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
por mãos de amor, por minhas mãos cosido.”

A característica presente na poesia árcade, presente no fragmento acima, é
a) aurea mediocritas.
b) cultismo.
c) ideias iluministas.
d) conflito espiritual.
e) carpe diem.

6. (Uepa 2012)  “Sobre Bocage, sabemos que foi um homem situado entre dois mundos, entre as regras rígidas de um Arcadismo decadente, refletindo um mundo racional, ordenado e concreto, e a liberdade de um Romantismo ascendente, quando a literatura se abre à individualidade e à renovação".

(www.lpm-editores.com.br – 03.09.11)

O comentário acima nos permite concluir que Bocage sofreu a violência simbólica quando uma regra pastoril e neoclássica, disfarçada de gosto e verdade inquestionáveis, impediu parcialmente a expressão de sua liberdade criadora. Interprete os versos abaixo e assinale os que tematizam a resistência a tal regra.
a) Só eu (tirano Amor! tirana Sorte!)
Só eu por Nise ingrata aborrecido
Para ter fim meu pranto espero a morte.

b) Ó trevas, que enlutais a Natureza,
Longos ciprestes desta selva anosa,
Mochos de voz sinistra e lamentosa,
Que dissolveis dos fados a incerteza;

c) Das terras a pior tu és, ó Goa,
Tu pareces mais ermo que cidade,
Mas alojas em ti maior vaidade
Que Londres, que Paris ou que Lisboa.

d) Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

e) Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue: eu peno, eu morro.

Gabarito comentado:
1- Alternativa: E. As 3 primeiras alternativas estão incorretas, pois:. 
a) o racionalismo é uma característica do Arcadismo 
b) o conceptismo é uma característica do Barroco 
c) o cultismo é sim uma característica barroca, porém não está presente no texto 
d) o teocentrismo também é comum em textos barrocos, mas Deus não está no centro na obra, o centro seria Marília, 

2- Alternativa: D. Podemos chegar à conclusão que o texto é do período do arcadismo graças a enaltação do escritor aos legumes, vaqueiros e simplicidade. Assim, chegamos a conclusão que as alternativas estão incorretas, pois:.
a) ele não enaltece os trajes da cidade 
b) enaltece a vida humilde 
c) em momento algum o autor cita Deus ou qualquer outra divindade 
e) mostra implicitamente seu desejo pela vida no campo ao lado da amada 

3- Alternativa: B. Os poetas barrocos utilizavam do cultismo e viviam de altos e baixos, portanto suas obras eram mais "elaboradas" e carregadas de sentimentos, consequentemente de interpretações, contrastes e oposições dadas por metáforas, antíteses, hipérboles, etc. Já os escritores arcaicos iam para um lado mais simples, pastoril, equilibrado e racional. 

4- Alternativa: E.  Os versos de Cláudio Manuel da Costa revelam o desejo do eu lírico de afastar-se da cidade: “Se o bem desta choupana pode tanto,/ Que chega a ter mais preço, e mais valia, / Que da cidade o lisonjeiro encanto;” e refugiar-se no campo “Aqui descanse a louca fantasia”. 

5- Alternativa: A. Do latim, “mediocridade dourada”, aurea mediocritas são as palavras usadas pelo poeta latino Horácio para exaltar as vantagens de uma condição de vida simples, média, sem luxo, mas também distante da pobreza. Ele chama a amada e pede a ela que troque peças finas por coisas mais rústicas. Resistindo, ainda, a troca de estilo de vida. 

6- Alternativa: E. Mostra a resistência do escritor, a tristeza e raiva que estão caminhando juntas. Ele quer mostrar que ama intensa e verdadeiramente enquanto, ao mesmo tempo consegue penar. 

Sítio consultado:

http://listasetarefas.blogspot.com.br/2014/05/etapa-arcadismo.html . Acessado em: 20/11/2016 às 10:07

Postado por: Lara Machado  



14 de novembro de 2016

Análise 12: Caramuru Canto I: XVI,XVII,XVIII (Frei José de Santa Rita Durão)

TEXTO:

XVI

Mas, vendo a Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda;
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comua sorte
Reconhecem também que aquilo é morte.

XVII

Correm, depois de crê-lo, ao pasto horrendo,
E, retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outros os braços;
Outro na crua carne iam comendo,
Tanto na infame gula eram devassos;
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.

XVIII

Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corruta!
Quando não deve a Europa abençoada
A fé do Redentor, que humilde escuta!
Não era aquela infâmia praticada
Só dessa gente miseranda e bruta:
Roma e Cartago o sabe no noturno
Horrível sacrifício de Saturno.

ANÁLISE:

  Caramuru é a obra mais famosa do Frei José de Santa rita Durão. É um poema épico que narra, em 10 contos, a vida de Diogo Álvares Correia, um naufrago que viveu em meio aos Tupinambás.
  O Canto I narra o começo da história, com o naufrágio e o primeiro encontro com os índios, e introduz o "herói" e o "cenário". A partir da décima sexta estrofe é narrada esse primeiro contato.
  Nessas estrofes o eu-lírico narra, com bastantes detalhes, a morte de um naufrago, que pede implora por ajuda ao bater a cabeça em uma rocha pontiaguda mas não resiste. Os índios, famintos, partiram o corpo em vários pedaços e o comeu, deixando Caramuru horrorizado.

  O poema foi o primeiro a abordar os habitantes nativos do Brasil, dando dados sobre a colonização, sobre a fauna e a flora, costumes e tradições indígenas e sobre a paisagem brasileira. Também cita as invasões francesas e holandesas e a divisão do pais em capitanias. Uma das coisas que se destacam é a exaltação exagerada às terras brasileiras e a presença de mitos pagãos.
  Caramuru segue o modelo Camoniano, com dez cantos, estrofes de oito versos e esquema de rimas ABABABCC.

  Em 2001 foi lançado um filme brasileiro com o nome "CARAMURU - A INVENÇÃO DO BRASIL" o qual o trailer pode ser assistido clicando aqui.

Sítios Consultados:

- http://www.casadatorre.org.br/caramuru.html#2
- http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo04.php

- http://www.passeiweb.com/estudos/livros/caramuru

Análise por: Isabelle Soares

13 de novembro de 2016

Análise 11

Análise 11
(José Basílio da Gama)

A UMA SENHORA
QUE O AUTOR CONHECEU NO RIO DE JANEIRO
VIU DEPOIS NA EUROPA



Na idade em qu'eu brincando entre os pastores
Andava pela mão e mal andava,
Uma ninfa comigo então brincava
Da mesma idade e bela como as flores.

Eu com vê-la sentia mil ardores;
Ela punha-se a olhar e não falava;
Qualquer de nós podia ver que amava,
Mas quem sabia então que eram amores?

Mudar de sítio a ninfa já convinha,
Foi-se a outra ribeira; e eu naquela
Fiquei sentindo a dor que n'alma tinha.

Eu cada vez mais firme, ela mais bela;
Não se lembra ela já de que foi minha,
Eu ainda me lembro que sou dela!...

Análise

Neste soneto, o autor relata uma paixão a primeira vista por uma moça, a qual ele se encantou com sua beleza, chegando a compará-la com as flores, no segundo quarteto ele retrata essa paixão, retratando que ao vê-la sentia um calor, uma paixão, e da a entender que essa paixão era recíproca, apesar da moça se manter em silêncio.
Pode-se identificar a idealização da mulher amada, com analogias e um tom de confissão no texto feito pelo autor,características do arcadismo, no primeiro terceto, permite observar que a amada se mudou,ou foi embora de sua vida e ele confessa a dor que estava sentindo, pra terminar no último terceto ele volta a exaltar a moça “ela mais bela”, deixando claro no último verso que ainda era apaixonado por ela,mas que ela já nem se lembrava mais dele.

Referências

http://arcadismobasiliodagama.blogspot.com.br/2010/09/poemas-de-basilio-da-gama.html

http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/jose_basilio_gama.html

http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-arcadismo/


Postado por: Danilo Falante.

Biografia: Frei José de Santa Rita Durão


Resultado de imagem para santa rita durãoSítio consultado: https://www.youtube.com/watch?v=rWix8Q7hCJE (Acesso em 12/11/2016)


  José de Santa Rita Durão foi um orador, poeta e religioso luso-brasileiro. Nasceu no ano de 1722 em Cata Preta, perto da cidade de Mariana em Minas Gerais. Estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro até os dez anos. No ano seguinte foi para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano. Doutorou-se em Filosofia e Teologia pela Universidade de Coimbra. 

 Entrou para ordem de Santo Agostinho mas, durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo, fugiu para Roma e trabalhou como bibliotecário por mais de 20 anos.

 Santa Rita Durão exalta a paisagem brasileira, os seus recursos naturais e os índios, expressando seu nativismo. Faz referências a fatos históricos, do século 16 e sua época. Suas obras pertencem ao Arcadismo a qual valoriza a vida natural e simples, distante da corrupção.

OBRAS:

  Um tributo do autor à sua terra natal, Caramuru (1781) é uma das suas únicas obras restantes -e a mais famosa. É um poema épico composto de dez cantos que conta a história de um náufrago português chamado Diogo Álvares Correia, conhecido como Caramuru, que viveu entre os Tupinambás. O poema tem como inspiração os escritos de Luís Vaz de Camões e utiliza sonhos, previsões e mitologia grega.
  Pro anmia studiorum instauratione oratio (1778) é outra obra dele.





Sítios Consultados:

Biografia: José Basílio da Gama

Biografia

José Basílio da Gama era filho do capitão-mor, Manuel da Costa Villas-Boas e de uma neta de Leonel da Gama Belles, oficial da Colônia, de quem adotou o nome. Estudou no Rio de Janeiro, no Colégio dos Jesuítas, mas com a expulsão da Companhia de Jesus, já noviço, transferiu-se para o Seminário Episcopal de São José.

Depois de passar por Coimbra e Lisboa, foi estudar em Roma, mas por ligações com os jesuítas, acabou sendo julgado pelo Tribunal da Inquisição e recebendo a pena de degredo em Angola. Depois, foi perdoado por Pombal, porque fez um "Epitalâmio" à filha do Marquês, onde elogia o Ministro e ataca os jesuítas.

Participou da efervescência do Arcadismo português, revelando assim, seu talento de poeta neoclássico, ao escrever poesias líricas e, especialmente, épica. Com O Uraguai consegue a celebridade, ao reverter o esquema épico tradicional; harmonizar a paisagem à ação épica, dando-lhe plasticidade, além de tratar os indígenas como matéria poética, e não apenas informativa. Utiliza os versos da tradição épica neolatina, o decassílabo, com o qual consegue efeitos sonoros e imagéticos que reforçam os significados.

O poema é também um canto de louvor à política de Pombal, com dedicatória ao Ministro da Marinha, Mendonça Furtado, irmão do mesmo Marquês, que trabalhou na demarcação dos limites setentrionais entre Brasil e América Espanhola, cumprindo o Tratado de Madri. Desde modo, acabou membro da Academia Real das Ciências de Lisboa.

Principais obras:
* "Epitalâmio às Núpcias da Senhora. Dona Maria Amália" (1769); "O Uraguai" (1769); "A Declamação Trágica" (1772); "Quitúbia" (1791).
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Referências:
http://educacao.uol.com.br/biografias/basilio-da-gama.htm
http://www.soliteratura.com.br/arcadismo/arcadismo05.php
Postado por: Danilo Falante.

"Cartas Chilenas", de Tomás Antônio Gonzaga

As Cartas Chilenas(verdadeiramente, mineiras) são 13 cartas satíricas escritas por Critrilo (pseudônimo do autor Tomás Gonzaga, que por muito tempo ficou obscuro) relatando os desmandos, atos corruptos, nepotismo, abusos de poder, falta de conhecimento e tantos outros erros presentes no governo do “Chile” (que, na verdade, é a cidade de Vila Rica), comandada pelo "Fanfarrão Minésio"(Luís da Cunha Meneses). Elas circularam anonimamente em Vila Rica, entre 1787 e 1788 e foram escritas às vésperas da rebelião da Inconfidência Mineira.
Sendo anônimo o poema e permaneceu inédito até 1845, houve dúvida quanto à sua autoria, embora a tradição mais antiga apontasse Gonzaga sem hesitação. Falou‐se depois em Cláudio, em Alvarenga Peixoto(todos participantes da Inconfidência Mineira, por isso tantas hipóteses)
São sempre dirigidas a "Doroteu"(ninguém menos que Cláudio Manuel da Costa):
“Amigo Doroteu, prezado amigo,
Abre os olhos, boceja, estende os braços
E limpa, das pestanas carregadas,
O pegajoso humor, que o sono ajunta.
Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
Ergue a cabeça da engomada fronha
Acorda, se ouvir queres coisas raras”

Neste trecho, Citrilo chama o amigo para limpar-se(da sujeira do governo, talvez) e incentiva-o a se erguer(“abre os olhos”) e lutar(coisa rara, por conta do medo criado pela metrópole).  E, podemos concluir que, há um estímulo ao combate.  
As cartas foram escritas em decassílabos sem rimas e cada uma tem um foco principal, mas seu personagem principal sempre é o governador. Alguns dos temas foram: a entrada de Fanfarrão no Chile; a fingida piedade inicial deste a fim de angariar negócios; suas violências e injustiças; o casamento do futuro rei d. João 6º e Carlota Joaquina; as desordens e brejeirices de Fanfarrão.
Logo no prefácio, temos uma “ameaça” e zombaria feitas para o governador:
"Um D. Quixote pode desterrar do mundo as loucuras dos cavaleiros andantes; um Fanfarrão Minésio pode também corrigir a desordem de um governador despótico
 Na terceira carta, as injustiças e violências que Fanfarrão executou por causa de uma cadeia são denunciadas:
" Pretende, Doroteu, o nosso chefe
erguer uma cadeia majestosa
que passa escurecer a velha fama
da torre da Babel e mais dos grandes,
custosos edifícios que fizeram,
para sepulcros seus, os reis do Egito. "
A cadeia seria tão grande que as maiores construções virariam sombras no passado, a fama da torre de Babel cairia e daria lugar para a cadeia e as mais belas e gigantescas pirâmides não seriam nada perto da prisão.
A influência dos iluministas franceses se mostra clara aqui. Gonzaga teria se inspirado no estilo satírico de Voltaire e nas Cartas Persas (1721), do Barão de Montesquieu (1689‐1755). Na obra do Barão, há também críticas ao governo francês e mostra o cotidiano das pessoas da época, assim como em Cartas Chilenas.

Um pouco de história:
Iluminismo: foi um movimento global(filosófico, político, social, econômico e cultural) que defendia o uso da razão como o melhor caminho para se alcançar a liberdade e a autonomia.
Os iluministas defendiam a criação de escolas para que o povo fosse educado e a liberdade religiosa(a Igreja Católica ainda tinha forte domínio perante a educação, cultura, governo, etc) . Para divulgar o conhecimento, os iluministas idealizaram e concretizaram a idéia da Enciclopédia (impressa entre 1751 e 1780) e nesta, todo conhecimento possuído até então foi resumido.
A enciclopédia foi símbolo de renovação cultural que tinha à frente D'Alembert, Diderot e Voltaire. Os enciclopedistas deram grande impulso ao desenvolvimento das ciências.
O iluminismo foi um movimento de reação ao absolutismo europeu e o nome faz referência ao período de iluminação crítica e científica que estava sendo vivido. O movimento utilizou da razão no combate a fé na Igreja e a idéia de liberdade para combater o poder centralizado da monarquia. E, a partir do iluminismo, surgiu outro movimento: o liberalismo(voltado para política e economia).

Glossário:
Brejeirices: 1.qualidade do que ou de quem é brincalhão, alegre.
2.graciosidade ger. acompanhada de extroversão e certa malícia.
Desterrar: 1.fazer sair ou sair alguém de sua terra natal ou de domicílio; exilar(-se), expatriar(-se)
2.confinar(-se) [alguém] em desterro, voluntariamente ou por força de condenação; isolar(-se).
Despótico:   1.relativo a ou próprio de déspota ou despotismo
 2.em que há despotismo.
 Despotismo: 1.poder isolado, arbitrário e absoluto de um déspota.
2.p.ext. forma de governo baseada nesse poder.

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Biografia: Tomás Antônio Gonzaga

Conhecido pelo nome arcádico Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga foi jurista, além de poeta árcade. Nasceu em Portugal, na cidade de Porto e foi filho da portuguesa Tomásia Isabel Clarque e do nordestino João Bernardo Gonzaga.
Passou parte da infância no Recife e na Bahia, onde o pai servia na magistratura, mas ainda na adolescência retornou a Portugal para completar seu curso de direito e o concluiu aos 24 anos. Depois de se formar, exerceu alguns cargos de jurídicos e,  em 1778, foi nomeado juiz-de-fora na cidade de Beja(com exercício até 1781). No ano seguinte, foi indicado para ocupar o cargo de ouvidor em Vila Rica(atual Ouro Preto).
Nessa época, conheceu Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, retratada como Marília de Dirceu nos poemas de Tomás. Uma adolescente de 17 anos que se relacionaria com um homem de 40(Dirceu). O poeta pediu a moça em casamento, mas, por sua condição financeira, sofria oposição da família de Maria.
Em 1789, Tomás Antônio Gonzaga foi acusado de participação na Inconfidência Mineira e acabou por ser enviado para a Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro e dali partiu para Moçambique, onde se casou com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de um rico comerciante de escravos, e teve um casal de filhos.
O poeta escreveu poesias líricas que refletem sua trajetória . Antes da prisão, apresentam a ventura do amor e a satisfação com o momento presente(algo típico do arcadismo, tendo um termo específico- Carpe Diem). Depois, trazem o infortúnio e a injustiça.
Tomás também ocupou a cadeira 37 da ABL(Academia Brasileira de Letras). Morreu no mês de fevereiro de 1810 em dia desconhecido.
Glossário:
Ouvidor: que ou aquele que ouve; ouvinte.
      que ou aquele que se nomeava esp. para atuar em repartição pública (ministério ou tribunal) [diz-se de juiz].                                                             
Ventura: sorte (boa ou má); fortuna, destino, acaso.
Infortúnio: má fortuna; adversidade, desdita, infelicidade.
    acontecimento, fato infeliz que sucede a alguém ou a um grupo de pessoas.
Principais Obras:
  • Cartas Chilenas
  • A jovem Doroteia
  • Marília de Dirceu

Um pouco de história:
Inconfidência Mineira :foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, em pleno ciclo do ouro. Ocorreu em Minas Gerais(na época, uma capitania). A luta foi um dos mais importantes movimentos sociais brasileiros. Neste  período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem  ter pagado o imposto”) sofriam duras penas, podendo até ser degredados (enviados a força para o território africano, como Tomás).
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama, seguindo as regras da mesma, cada região de exploração de ouro deveria pagar 1500 kg de ouro por ano para a metrópole. Quando as exigências não eram cumpridas,  soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira, influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.
O grupo foi liderado por Tiradentes, e outros participantes eram: os poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.

A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas.
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