Basílio

9 de outubro de 2016

Errata da Análise 3: Ao braço do mesmo menino Jesus quando apareceu (Gregório de Matos)


A todos que acompanham o blog "entre aspas",nós, administradores, pedimos desculpas pelo post ‘Análise 3 - Ao braço do mesmo menino Jesus que apareceu (Padre Antônio Vieira) [Fragmento]’ postado no dia 27/09/16 por Ithalo Vitipó.

A obra não foi feita por Padre Antônio e sim, por Gregório de Matos, o primeiro erro foi dizer o contrário. As características da escrita do autor estão presentes e bem claras em todo o texto, podemos ver isso na capacidade do “Boca do Inferno” passar por suas palavras confusão e suspeitas de quem realmente são algumas divindades (Jesus, no caso). O segundo erro, foi o administrador ter feito sua análise de apenas um fragmento do poema, assim, interferindo na interpretação do texto tanto dele quanto dos leitores. O terceiro erro foi nosso, os administradores, que deveríamos ter corrigido a postagem que possui inúmeras falhas.

Assumimos nossos erros e colocamos abaixo a errata:

Texto:

"O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo."
    -Gregório de Matos 


                                                                                                                                                               
Análise:
Nesse texto, Gregório de Matos quer mostrar o quanto Deus está em tudo em nosso mundo, porém, ele também está em partes. O emprego de palavras repetidas, como “todo” e “parte” pode confundir o leitor, mas é apenas um dos elementos do cultismo, característica predominantemente do barroco, que é estilo em que Gregório de Matos escreveu.
   O texto é de difícil entendimento, pois faz um jogo de palavras, onde Deus seria o todo e Jesus a parte e não existe um sem o outro, os dois dependem-se, como é retratado no texto. Esta característica presente no texto é chamada de paradoxo, que nada mais é do que a imposição de ideias contrárias num só pensamento, muito bem empregada pelo uso das palavras todo e parte. É necessário dar ênfase a essas palavras, pois é onde carrega a ideia principal do texto. Outras características do poema, são: a clara religiosidade que o texto apresenta; a crítica à igreja e o clero, que tentam se impor mais do que Deus, que deveria ser o foco do catolicismo, e não a igreja; o emprego de termos eruditos e o efeito que esses elementos causam é de um texto retorcido.
   Acho que Gregório quis passar o quanto somos dependentes de forças maiores que nós mesmos, no caso, Deus. Ele diz que Deus está em todo o Sacramento e assiste em qualquer parte, ou seja, em todas as coisas. No último parágrafo, está a mensagem principal do poema; sabendo-se da existência de Deus, conseguimos abrir nossos olhos e enxergar que em todas as partes de todas as coisas, há partes de um todo: Deus.


Análise por Ithalo Vitipó

19 comentários:

  1. Alguns dos aspectos muito marcantes do Barroco também presentes são a argumentação, o raciocínio lógico que facilita chegar em uma conclusão e o conceptismo que é marcado pelo jogo de ideias(parte/todo)!
    Adorei a interpretação! <3 <3

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  3. O texto é um pouco complicado e requer uma atenção maior em sua interpretação. Essa questão dos contrários é essencial, ela nos faz criar valores e experiências. O que seria da alegria sem a tristeza? as pessoas iriam parar de valorizar os momentos bons, por se tornar algo simples se não houvesse seu contrário, a mesma coisa acontece quando se fala de Deus e Jesus no texto(mesmo que indiretamente), um é todo e outro é parte e assim se completam. Algumas das características do Barroco são: a presença de palavras cultas, uso de metáforas e hipérboles.

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    1. Só que Jesus não é uma parte de Deus. Ele é o Deus Filho!

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  4. Este poema é bastante confuso, quando o lemos pela primeira vez. É necessário prestar bastante atenção nos detalhes, e a sua interpretação me ajudou muito na construção da minha. Entendi bem a luta dos contrários e também pude localizar bem as características, tanto do barroco, como também de Gregório de Matos. Algumas delas, Millena, já falou no comentário acima. Por exemplo, o uso de metáforas, que são os que estão muito presentes no texto. Não deixando passar também, essa religiosidade que os poemas barrocos possuem.

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  5. Muito bem, pessoal! Que bom que corrigiram!

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  7. O que ele queria mostrar com esse soneto?

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  8. A primeira estrofe é Filosofia pura: holismo.

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  14. Onde está a crítica à Igreja? E não é parágrafo, é estrofe!

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  15. O contexto deste poema é muito importante para a compreensão da metonímia que se forma a partir das palavras PARTE E TODO . Nestes versos, marcados pelo engenhoso JOGO DE IDEIAS, o autor baiano utiliza como tema, o roubo da imagem de Nossa Senhora das Maravilhas carregando o menino Jesus. A estátua foi quebrada em vários pedaços e espalhada pela cidade de Salvador. Aos poucos, as partes foram recuperadas, e cada descoberta era saudada com alegria pelos devotos. Desse modo, o poeta transforma o episódio em poesia.

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  16. Complementando a informação, o título do soneto é o seguinte: ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS DE NOSSA SENHORA DAS MARAVILHAS, QUE DESCARTARAM INFIÉIS NA SÉ DA BAHIA.

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  17. Com todo o respeito, mas a interpretação está forçada e errada. O comentário da Anarisia acima esclarece o sentido completo, que é o seguinte: primeiro, trata-se da doutrina metafísica das partes e do todo; segundo, trata-se da doutrina católica da Eucaristia, que lida com as noções de parte e todo; por fim, aplica-se estas duas doutrinas ao roubo da imagem de Nossa Senhora das Maravilhas.

    Primeira estrofe: explica-se que as noções de parte e todo se implicam mutuamente (a parte é parte dum todo; o todo é um todo de partes). Disso conclui-se que há sempre algo do todo em cada parte. É este o tema daquela anedota na qual Goethe, vendo apenas uma das torres duma catedral, conseguiu deduzir com algum acerto toda a faixada.

    Segunda estrofe: refere-se à doutrina católica sobre o sacramento da Santíssima Eucaristia, segundo a qual quando se fragmenta as espécies do pão e vinho transubstanciados, o Corpo de Cristo ali presente fisicamente não se divide nem se multiplica, mas permanece sendo uma única totalidade em cada um dos fragmentos. Uma figura adequada para expressar essa realidade é a do espelho que, quando quebrado, passa espelhar em cada um de seus cacos toda a figura que antes espelhava no todo íntegro. A única diferença é que, no caso do espelho, há o reflexo de uma imagem do objeto, enquanto na Eucaristia tem-se uma presença real do Corpo do Senhor.

    Terceira e quarta estrofes: à luz de que Gregória de Matos está se referindo ao episódio do furto, profanação e busca da imagem de Nossa Senhora das Maravilhas, e mais especificamente ao episódio em que foi achado um dos braços do Menino Jesus, pode-se inferir o sentido completo do poema e o que ele intentava com os primeiros dois parágrafos. Tal como metafisicamente toda parte está dada no todo, e tal como sacramentalmente toda parte da hóstia contém Nosso Senhor inteiro, assim também cada parte da imagem que achamos reflete e contém, de certo modo, toda a imagem de que é parte. Por fim, é-nos sugerido o imperativo de "alegremo-nos, pois, por cada parte como se pelo todo".

    Creio que qualquer pessoa honesta consiga perceber ser este o sentido do poema, sem forçar nenhuma interpretação. Agora, donde vocês tiraram que o poeta está dizendo algo da onipresença de Deus? Ou que se refere a Jesus e Deus como sendo parte e todo? Ou que faz uma crítica, não só à Igreja, mas também ao Seu Clero? Como disso se chega à lição de que somos dependentes de forças maiores? O texto não possui sequer elementos semânticos para possibilitar isto. Francamente, eu não sei quem é este tal Ithalo Vitipó, mas sugiro sem nenhuma malícia ou intenção de ofender, mas para o teu bem, que se aplique um pouco mais à cultura antes de publicar tuas críticas e análises.

    In Trinitate,
    Murilo.

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  18. ERRATA

    *fachada [...]
    *refere-se à doutrina católica do sacramento [...]
    *no caso do espelho, há apenas o reflexo [...]
    *no caso da eucaristia, tem-se a presença real [...]
    *de certo modo, o todo da imagem [...]
    *é-nos sugerida como lição o imperativo: "alegremo-nos [...]

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