Análise 10
Soneto III (Tomás
Antônio Gonzaga)
Soneto III
Enganei-me, enganei-me - paciência!
Acreditei às vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angélica aparência.
Acreditei às vezes, cri, Ormia,
Que a tua singeleza igualaria
A tua mais que angélica aparência.
Enganei-me, enganei-me - paciência!
Ao menos conheci que não devia
Pôr nas mãos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocência.
Ao menos conheci que não devia
Pôr nas mãos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocência.
Enganei-me, cruel, com teu semblante,
E nada me admiro de faltares,
Que esse teu sexo nunca foi constante.
E nada me admiro de faltares,
Que esse teu sexo nunca foi constante.
Mas tu perdeste mais em me enganares:
Que tu não acharás um firme amante,
E eu posso de traidoras ter milhares.
Que tu não acharás um firme amante,
E eu posso de traidoras ter milhares.
Tomás Antônio Gonzaga
Vocabulário
Galhardia: elegância, garbo.
Cri: acreditei, confiei, desejei; conjugação do
verbo crer.
Análise
Neste texto, carregado de emoções, parece que o eu-lírico
confessa que enganou-se a respeito de uma moça, Ormia, que é de “angélica
aparência”. Ele está triste por ter se decepcionado com sua amada e ter
depositado nela sentimentos como prazer, sossego e inocência, citados na segunda
estrofe. Contudo, na última estrofe, o eu-lírico diz que a pessoa que mais
perdeu, foi ela, pois, agora, não achará alguém que a ame como ele o fez e,
agora, ele poderá ter milhares de amantes.
É um texto que possui um sentimento
de tristeza, pelo o que o eu-lírico está passando: decepção, rejeição e
sentindo-se enganado e impotente. É perceptível o amor que ele possuía por ela,
mas que ela não possuía o mesmo por ele.
As características do Arcadismo presentes
neste texto são, principalmente, as confissões, exposição clara de sentimentos
e exaltação da pureza, ingenuidade e beleza. O eu-lírico confessa, do início ao
fim do texto, que foi enganado pela sua amada, e, ao decorrer do mesmo, fala
sobre seus sentimentos. Mas no final do soneto, ele não se dá por vencer e diz
que quem perdeu foi sua amante, que agora não irá achar alguém que a ame como
ele a amou.
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Postado por: Ithalo Vitipó
O poeta não só mostra tristeza, mas também um desdém pela moça que supostamente o enganou, talvez isso seja graças a uma passagem de tempo ou, era apenas 'fingimento' de Tomás.
ResponderExcluirDirceu esperava que a singeleza da mulher se igualasse com a beleza e ali caiu, Ormia não era a moça que ele esperava. Há a tentativa do autor em sair por cima da situação nos últimos versos, mas tendo uma visão mais crítica e lendo novamente o soneto, ela quem não o quis. E, podemos arriscar dizer que Antônio apenas não aceitou a desilusão amorosa.
Adorei sua interpretação, Ithalo 🌸😘
O soneto narra uma triste historia de um amor não correspondido, no qual o eu-lírico parece amar plenamente sua mulher, que no entanto ela o traio. Mostrando assim toda sua decepção pela perda de sua amada. Logo, no final do soneto ele diz que quem acabaria pior com isso seria Ormia e não Dirceu, pelo fato do real valor de um amor verdadeiro.
ResponderExcluirBoa análise!
Vejo também que por mais que pareça que ele queira se vingar, o que realmente está sentindo é tristeza. Deve ser muito difícil ser abandonado por quem você ama e o eu-lírico passa por isso. É um belo texto, mesmo sendo de difícil análise. Podemos perceber várias características d arcadismo nele, como já foi citado em sua análise. Gostei muito.
ResponderExcluirO soneto, demonstra a decepção do eu-lírico ao vivenciar uma completa ilusão, a respeito desse 'tal amor'.Além disso, podemos analisar o comportamento de Dirceu, ao enaltecer sua amada, como beleza grandiosa incapaz de ser descrita.Portanto, podemos perceber com clareza características próprias do arcadismo.
ResponderExcluirDiferente de outros textos do arcadismo, esse eu achei mais fácil de compreender.
ResponderExcluirO soneto narra uma desilusão amorosa sofrida pelo eu-lírico, o que é resaltado pela repetição de "Enganei-me". Ele enaltece "Ormia" ao mesmo tempo que podemos interpretar um desdém vindo dele.
O soneto termina com "(...)Que tu não acharás um firme amante,/E eu posso de traidoras ter milhares." que dá a entender que ela nunca encontrará alguém que a ame do mesmo jeito que ele, mas que ele pode achar "traidoras" como ela muito facilmente.
Gostei muito, pessoal!
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