Basílio

30 de outubro de 2016

Análise 7 - Soneto: XIV (Cláudio Manoel da Costa)

SONETO: XIV
 CLÁUDIO MANOEL DA COSTA (1729-1789) 

Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado. 

Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado! 

Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade. 

Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! 

In Obras Poéticas (Tomo I), 1903 
SONETOS


Análise:
O tema do soneto é a contradição entre tranquilidade do campo e corrupção da vida urbana. Nos primeiros versos, há uma metáfora 'Rosto da violência'(1 estrofe, 3 verso) que mostra o quão ruim é para o eu-lírico afastar-se do campo. 
 Alguns outros versos, retratam a calmaria trazida pela simplicidade da área afastada da cidade. Percebemos, aqui, dois dos traços do Arcadismo: a valorização da natureza, partindo para o desejo bucólico e o pastoralismo, referente a exaltação da vida no campo.


















Créditos ao site(imagem): http://pt.slideshare.net/fernandomoreira5076798/claudio-manuel-da-costa
Referências: http://www.estudopratico.com.br/caracteristicas-do-arcadismo/


Postado por: Millena Blanc 

10 comentários:

  1. Mi, podemos também ver um provável aviso do eu-lírico para as pessoas que querem sair do campo. O poeta faz uma comparação com o Amor puro e verdadeiro da sua terra natal e acaba mostrando que na cidade há traição, essa encobre a face das pessoas/coisas.
    Vemos claramente a exaltação da natureza, uma das características principais do Arcadismo.
    Gostei muito <3

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  2. Gostei muito do poema, por mais que seja difícil sua interpretação. Nele podemos perceber claramente a exaltação da natureza, do campo. Vemos isso na primeira estrofe, onde ele fala da infelicidade do homem da cidade, e que a verdadeira felicidade está no campo.E na última ainda diz, que no campo não há fortuna que soçobre. O poeta fala também da riqueza, não material, mas de felicidade que o pobre tem e o rico, não.

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  3. Nesse texto, o eu-lírico deixa bem claro a sua feição pelo campo e também sua repudiação pelos centros urbanos. Percebe-se também que o eu-lírico é uma pessoa simples e humilde, que ao seu ver, é rico por morar no campo. As características mais marcantes nesse poema, são o pastoralismo, bucolismo, nativismo, a rivalidade entre campo e cidade e o estado de inocência e exaltação de sentimentos, que, para o eu-lírico, o que importa é viver onde ele ama, mesmo se mostrando claramente humilde. Contudo, é importante lembrar que os autores arcadistas não eram pobres, apenas o eu-lírico expõe essa impressão.
    Interpretação simples e objetiva, e, mesmo assim, está ótima. Parabéns.

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  4. No soneto, podemos perceber que a linguagem utilizada é mais rebuscada e um pouco difícil de entender, mas conseguimos analisar que o eu-lírico traz uma relação da vida pastoril como pobre e inocente, porém positiva como um lugar ideal para se viver, em oposição à condenada e triste vida corrupta das cidades.
    Boa análise!

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  5. A primeira coisa que me chamou a atenção nesse texto foi o fato do título dele ser apenas o número quatorze em algarismo romano e, ao pesquisar, descobri que ele não nomeava seus sonetos e apenas os organizavam utilizando números romanos. Achei esse fato bastante curioso.
    O eu lírico fala de uma fuga da cidade -o que é uma característica do barroco- e também a compara com o amor, dando a parecer que a traição é como o abandono da terra. Ele também fala da violência e outros problemas urbanos.
    Gostei bastante desse texto.

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  6. Pessoal, gostei muito do que li aqui. Vocês estão começando muito bem mesmo.

    Isabelle, você confundiu barroco com arcadismo no fim do seu texto, né?

    Ithalo, você fez uma observação muito importante: "Contudo, é importante lembrar que os autores arcadistas não eram pobres".
    Gostaria que o grupo explicasse mais o seguinte: Quem é pastor: o eu-lírico ou o autor? Qual a relação do uso de pseudônimo com o fingimento poético?

    E nos próximos textos, gostaria que observassem se os seguintes temas estão presentes:
    1- Fugere urbem
    2- Carpe diem
    3- Aurea mediocritas
    4- Locus amoenus
    5- Inutilia truncat

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Melina, eu confundi o arcadismo com barroco no final do comentário sim. Aqui vai a correção:

      "O eu lírico fala de uma fuga da cidade -o que é uma característica do arcadismo- e também a compara com o amor, dando a parecer que a traição é como o abandono da terra. Ele também fala da violência e outros problemas urbanos."

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  7. Essa cara da foto é o Álvares de Azevedo, que erro rude em galera.

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  8. Qual seria a separação de palavras ou expressões do texto indicando os que estão relacionadas com a cidade e o campo?

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